segunda-feira, janeiro 24, 2011

Ricercare concerto em Évora proximo Domingo


30 de Janeiro
Convento dos Remédios - Évora
18:00

segunda-feira, janeiro 17, 2011

Ricercare no CCB este Domingo



2 3 janeiro
11:30
CREPÚSCULO
CORO RICERCARE
PEDRO TEIXEIRA
direção

2 3 janeiro 2011 CREPÚSCULO
CORO RICERCARE

Sopranos Ana Isabel Perei r a Ana Raquel C atarina Gusmão D á lia Martins
Inês Berlenga I n ê s L amas Mariana Marti n s Sara Ramalhinho

Contraltos Ana Proença Maria de Fátima Nunes Mónica Calçada
Rita Tava r e s Teresa Almeida Vera Ramos

Tenores David Gomes Gerson Coelh o J oão de Barros João Francisco
Rodrigo Gomes

Baixos António Lope s Guilherme Costa J oão Sabin o Paulo Canaveira
Tiago Ama r o Tiago Oliveira

PEDRO TEIXEIRA
direção

Programa

Gabriel Jackson (1962) To morning
Josef Rheinberger (1839-1901) Abendlied
Fernando Lopes-Graça (1906-1994) Anda duermete niño (Trás-os-Montes)
Fernando Lopes-Graça Dormi menino, dormi (ilha de São Jorge – Açores)
Fernando Lobo (1974) Ó, ó, menino, ó (Nozedo de Cima–Trás-os-Montes)
Eurico Carrapatoso (1962) Ó meu menino (Pias – Alentejo)
Eurico Carrapatoso Vem ó morte, doce irmã do sono
Paweł Łukaszewski (1968) Nunc dimittis
John Tavener (1944) As one who has slept
Eric Whitacre (1970) Sleep
Eric Whitacre Leonardo dreams of his flying machine

Crepúsculo define uma estrutura de programa
em torno de uma mesma ideia que
se revela transversal a praticamente todas as
obras que nele se desenrolam:
o cair da noite
e as suas variadas influências, nomeadamente
ao nível do imaginário humano, em
sinergia constante com a capacidade criativa
do Homem que ultrapassa – como desejo
intemporal – a sua própria e inexorável
condição mortal.
Assumindo o Tempo
como arquétipo do decurso das horas do
dia, a ideia subjacente a todo o concerto
converge no anoitecer, através da escolha
de obras que formam um todo coerente e
cujo conteúdo possa delinear um percurso
desde o amanhecer (To morning, de Gabriel
Jackson) até à própria noite e ao sonho,
que pode – e deve – ser entendido na
sua aceção criadora.
Abendlied (Canção da
Noite), de Rheinberger, introduz a temática
do crepúsculo, sucedendo-lhe quatro
cantos de embalar tradicionais portugueses
de Fernando Lopes-Graça, Fernando
Lobo e Eurico Carrapatoso, percorrendo
as regiões de Trás-os-Montes, São Jorge
(Açores) e Alentejo. É precisamente aqui,
no final desta secção, em que se escuta Ó
meu menino (originário de Pias, Alentejo,
que ultrapassa sobejamente o uso de canção
de embalo por ser também um cântico
de louvor a Jesus recém-nascido), que se
traça o paralelo com o cântico evangélico
Nunc dimittis, da última oração do dia
(Completas), em que Simeão – o Justo –
pede, após ver e pegar em seus braços o
Redentor, o desejado descanso.
Este pedido
é antecedido, no programa do concerto,
por Vem ó morte, doce irmã do sono, de Eurico
Carrapatoso, em consonante analogia
com a súplica de Simeão escutada em Nunc
dimittis, de Paweł Łukaszewski. As one who
has slept, do inglês John Tavener (texto da
liturgia de São Basílio das matinas de Sábado
Santo em que, após a agonia da crucificação,
permanece um estado expectante ante
a proclamação da Ressurreição), funciona
como epílogo ou, se quisermos, simultaneamente
como interlúdio após o qual o caminho
para o avanço do Homem toma passo
através do poder criador dos seus sonhos,
explanado magistralmente em Leonardo
dreams of his flying machine, de Eric Whitacre,
que encerra o concerto.

Pedro Teixeira